Sinterklaas
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5 de dezembro
Os dias 5 de dezembro de todos os anos representam para muitos holandeses uma das maiores festividades do ano. Eu vivo num mini mundinho holandês e, não escapando à tradição, festejámos o 5 de dezembro. Para alguns, grupo em que me insiro, foi o primeiro sinterklaas que alguma vez festejámos.
Descrevendo o dia, o evento e toda a envolvência numa palavra, diria “gezellig”. Gezellig é uma palavra que me foi ensinada como sendo uma “very dutch word that describes a feeling between nice and cozy”. É exatamente isso que representa o dia 5 e tudo o que girou nas semanas anteriores à volta do evento.
A força do Sinterklaas começou-se a sentir no início de novembro. Sorteámos os nomes de todos os habitantes do Regina Maris, e cada um “ficou” com um outro. A ideia é para essa outra pessoa arranjar um presente, com um orçamento máximo de 5 euros, construir uma surpresa que envolva o presente e escrever um poema. Calhou-me o Frank, professor de ciência a bordo.
Em Tenerife comprei a primeira parte do presente e na primeira semana de dezembro construi a minha surpresa e escrevi o poema. À medida que nos aproximávamos da data víamos, entre refeições, mais e mais pessoas em grandes construções, víamos e questionávamo-nos para quem será, como é que é o poema, qual vai ser a reação…
Nos últimos dias em particular, o entusiasmo foi crescente. Maratonas de horas nos quartos a construir as nossas surpresas e a engendrar planos que assegurassem o maior afastamento possível do amigo secreto. Este conceito e ideia de construir uma surpresa foi algo que me marcou e achei muito engraçado. O que precisamos de fazer é ir buscar materiais que temos à mão para montar um percurso ou uma maluquice à volta do presente. Esta parte da maluquice à volta do presente torna a ação de dar algo, na minha opinião, muito mais próxima e divertida, uma vez que requer necessariamente pensar na pessoa, nos seus gostos, pequenas caraterísticas e na relação entre os dois.
Acordámos no dia 5 de manhã, dia de escola para a minha metade dos alunos. Acertámos os últimos pormenores – acabar poemas, passar a limpo, embrulhar o presente, por as pistas nos sítios certos … estava planeado para as 4 da tarde a abertura dos presentes!
E assim foi. Às 4 o sino tocou, o Sinterklaas apareceu no middledeck e reunimo-nos ali os 43. Numa primeira fase ele deu-nos letras de chocolate e passaram umas rondas de papernoten – espécie de biscoitos de canela holandeses.
As parecenças entre o Sam [comandante do Regina Maris] e o Sinterklaas que ali estava eram significativas, o que intensificou a diversão do momento.
Depois, começou a parte mais divertida da tarde. Individualmente íamos saltando de pessoa em pessoa. Primeiro liamos o poema que nos tinha sido escrito e depois abríamos o presente. Foram horas extraordinárias, estávamos ali todos, verdadeiramente ali, os 43 concentrados em viver aquelas horas, no mais real sentido da palavra.
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Havia chocolates no mastro, barcos construídos, pinhatas, tiro ao alvo, tudo e mais alguma coisa que se possa imaginar.
Havia um presente para o grupo, SaS 2016-2017. O Sam pediu-me a mim para ler o poema e abrir perante o grupo. Eram quatro enormes sacos de papernote, presente do SaS 2015-2016. Foi um momento, mais uma vez, próximo, simpático e especial.
Celebrar o Sinterklaas pela primeira vez, foi uma experiência giríssima; as musicas, as pessoas, a vivencia, tudo!
Mimi at sea