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Moradores do Canal da Mancha

Regina Maris, 5 de abril de 2017

São 18:30, pelo que o Sol me diz. Acabaram de gritar “Eten” - comida, em português - da porta da cozinha, o 5-9 está no achterdeck [convés à popa], à viver os momentos que antecedem o pôr do Sol e eu estou sentada no voordeck [convés à proa], a perceber o quão gigantes e pequenos os mares e céus de repente se tornaram. Somos moradores do Canal da Mancha.

Consigo ver três aviões, três barcos e mais pássaros do que as minhas mãos conseguem contar.

Começando pelas aves metálicas... Uma delas desce a pique a bombordo, deixando no céu uma linha quase reta e perpendicular ao horizonte. Outra, está perdida por entre nuvens, a dois indicadores acima da proa do navio. A última desce na diagonal, a estibordo em direção aquilo que é para mim um vasto e calmo oceano azul.

São três aves metálicas com tres historias diferentes. Rotas distintas, passageiros, tripulação, tempos de chegada e partida, duração de voos. Talvez companhias diferentes, formas diferentes, metais e cores distintas. Mas, como eu, estão neste momento a ser moradores do Canal da Mancha.

Enquanto içávamos a Fok, uma das velas na proa do barco, identificámos uma lancha. Um barco enorme, a atravessar o Canal da Mancha, a talvez três milhas de distância, a navegar no rumo que tem como rotina, com passageiros habituais, outros não. Janelas pequenas, chaminé mais alta que o barco, completamente diferente do meu barco. Mas, como eu, morador do Canal da Mancha.

Vimos hoje mais de dez barcos, ontem outros cinco. Vimos hoje mais de quinze pássaros, ontem outros dez. À noite somos rodeados por luzes que nos fazem companhia, a nós e à Lua.

Em dois dias, avistámos talvez 1000 moradores do Canal da Mancha.

Mimi at Sea


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