Cinco faialenses, vinte continentais
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28 de fevereiro
Saímos do barco em St. George, uma cidade bonita com dimensões divertidas que me fez reviver, por alguma razão, o “Portugal dos pequeninos”.
Uma fatia de bolo de cenoura são $ 8, uma barra de chocolate, $ 6, uma garrafa de água, $ 3 e uma viagem de autocarro são $ 5.
É uma realidade completamente diferente daquilo que temos vivido. Saímos de Cuba, onde compramos por 1 CUC (aproximadamente $ 1) dez pães para duas refeições de 9 pessoas. São vidas completamente diferentes e vivê-las tão diretamente ligadas uma à outra é incrível.
O mais extraordinário que vivi nas Bermudas foi a influência açoriana nesta pequena ilha.
Começou o tempo livre e, no autocarro n.º 18, seguimos rumo a Hamilton, a cidade mais próxima de St. George, o porto onde ficámos. Saímos na última paragem, deixando a condutora supersimpática sozinha no autocarro, que mais tarde voltamos a reencontrar.
As duas primeiras horas de tempo livre foram passadas no “City Café”, um café/restaurante pequeno, simpático e com wi-fi e chocolate quente. Depois de um mês inteiro sem conversa por telefone, cheios de saudades de casa, família e amigos, deliciámo-nos a reencontrar vozes familiares, a ouvir novidades, a falar sobre coisas pequenas, grandes, passadas, presentes, futuras … a falar.
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Acabámos por sair. Eramos quatro. Virámos á esquerda e três ou quatro portas à frente encontrámos o “Café Açoreano”. Fiquei em estado de loucura, entre entusiasmada e eufórica e todos juntas no pequeno estabelecimento.
O vidro de entrada tinha uma bandeira dos Açores, mas não era possível prever que entrar no “Café Açoreano” era autenticamente mergulhar nos Açores. Entrei e estive no Pico, talvez no Faial ou na Terceira. Clientes, e trabalhadores, todos açorianos, com um sotaque indiscutivelmente micaelense … Bufet, peixe e cozinha verdadeiramente característicos dos Açores. Paredes, mesas e ambiente, autenticamente açorianos.
Conversei com pessoas várias e acabei por perceber que 10% da população é açoriana. Segundo alguns dos meus conhecidos: “Primo chama primo irmão chama irmão”, acabando por ser famílias inteiras que vão chegando, procurando alguma melhoria na sua vida diária.
São “quase todos micaelenses, cinco faialenses e vinte continentais”.
Mimi at Sea