Overtheline
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26 de janeiro de 2017
7 minutos de semirrígido e 15 minutos a andar, por palmeiras, areia e vegetação vária. Chegámos a uma pequena prainha, numa parte mais isolada de uma das ilhas à nossa volta, no Arquipélago de Bocas del Toro, Panamá. Sabíamos que íamos fazer o “overtheline”. Sabíamos o que era a atividade, mas não conhecíamos o turbilhão de emoções que estávamos prestes a viver.
Fomos os 33 com a Jet e o Jelle.
“Façam duas linhas, ambas paralelas à agua de forma a ficarem frente a frente com uma pessoa parecida convosco.” – disse a Jet. Posicionamo-nos todos. “Agora andem todos um lugar para a direita”. Andámos todos. Era o jogo da confiança. Os primeiros 15 minutos da tarde foram cair nos braços de outro, cair e confiar.
Formámos os 33 uma linha na areia, paralela à água. Começou o overtheline. A “line” era a água. Por temas, a Jet e o Jelle faziam perguntas e se nos identificássemos com o questionado, tínhamos de ir “overtheline”.
O primeiro tema foi “Prejudice”, começando com perguntas como: “No primeiro instante em que entraste a bordo, ficaste com uma ideia de alguém que na verdade é totalmente diferente da personalidade que agora conheces?”- atravessámos todos a linha. Julgámos todos, mas todos demos espaço a conhecer e descobrir outros.
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Progressivamente fomos caminhando para temas mais pesados. Integração no grupo, autoimagem, família, sentimentos em casa, sentimentos no barco, orientação sexual, perdas... Estes foram alguns dos temas abordados durante a tarde na praia.
Vivemos juntos há três meses e meio e uma tarde despoletou conversas, uma empatia e vontade de estar lá para o outro que reforçou laços de forma incrivelmente forte. Soubemos que há pessoas que não estão felizes em casa, outras que perderam familiares próximos e outras que não se sentem encaixadas no grupo.
Mais do que o que conhecemos uns dos outros, mais do que as emoções que descodificamos, incríveis foram os abraços amigos, as conversas próximas e a vontade generalizada de perceber e ajudar.
Começámos a tarde com 33 e saímos como um só.
Mimi at Sea